sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Ciência e Religião Parte II

As manifestações religiosas estão entre os homens há milhares de anos, até onde a arqueologia consegue alcançar.  A ciência é uma prática muito recente, se comparada com o tempo em que o homem cultua Deuses.
Ao que tudo indica, desde que a imaginação do homem se tornou possível ele a utilizou para construir outros universos além do que já conhecia.  A Arqueologia e a Antropologia mostram que em diferentes espaços e épocas, diferentes culturas produziram diferentes Deuses a modos de cultuá-los.
Algo comum entre a maioria das religiões é a questão: “De onde viemos e para onde vamos?”. Ela nos deixa ver que os homens apresentam uma necessidade elementar de acreditar em algo que vá além da sua compreensão comum acerca da sua origem e destino.
Essa questão possibilita o protagonismo do discurso de um Deus, que apresenta um contexto e as respostas, despertando a fé: acreditar em algo que não precisa ser explicado de outra maneira, senão pelo próprio Deus (Religião).
Antes dos principais protagonistas religiosos contemporâneos e da escrita, as crenças eram compartilhadas por gerações e gerações através da comunicação oral, lembrança, símbolos e tradições.
As principais religiões da atualidade surgiram do desdobramento de outras religiões ou crenças existentes ou do confronto entre elas. O cristianismo se construiu a partir das crenças hebraicas; o protestantismo uma reinterpretação do cristianismo; o islamismo da reação às escrituras anteriores, o Tora e a Bíblia; e o Budismo, uma reação ao hinduísmo.
Nos últimos quatro mil anos a capacidade de comunicação entre os homens foi avançando rapidamente e isso permitiu que as religiões se tornassem sistemas mais ou menos estáveis e evolutivos. A escrita e mais recentemente a impressão, criada por Gutemberg, permitiram certa universalidade às crenças religiosas. Mesmo assim, a grande questão continua perene: “De onde viemos e para onde vamos?”
Nos últimos séculos as religiões e a ciência vêm estreitando laços.  Atualmente os achados e a própria interpretação das religiões modernas, pelos próprios religiosos, faz uso disseminado de conhecimentos científicos, sejam antropológicos, sociológicos, psicológicos e outros. Não raro, um teste de carbono 14 de certo objeto confirma a datação de um fato religioso pregresso ou a análise geológica das camadas de um solo confirma um cenário ou ambiente muito remoto, citado em um escrito religioso.

Mas antes da ciência, tal como conhecemos hoje, o que eram as religiões, como surgiram?  O que a ciência pode nos dizer sobre isso?

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Ciência e Religião Parte I

A ciência se constrói sobre conhecimentos científicos que se integram e se estendem na medida em que se confirmam com experiências empíricas.  Um fenômeno é científico quando se repete sob as mesmas condições.

Na ciência, os conhecimentos funcionam como uma malha multidimensional, em que seus elos podem pertencer a uma ou mais teorias, de um ou mais campos do saber. Desse modo, um conhecimento do campo da Biologia pode ser explicado pela Física, ou seja, uma célula pode ser explicada tanto em termos genéticos como moleculares e uma explicação corrobora a outra.

A religião se constrói a partir de conhecimentos dogmáticos, pressupostos que se integram, mas não se confirmam empiricamente tal como na ciência, dependem da crença. Uma religião só existe quando pessoas creem nos seus dogmas.

Enquanto a ciência universaliza o conhecimento, pois ciência é ciência em qualquer lugar e em qualquer tempo, a religião é totalmente dependente da cultura, que se diferencia no local e no tempo. Embora a maioria das religiões se construa em torno de um dogma central, um Deus, existem inúmeros e diferentes Deuses, independentemente de lugar e de época.

As religiões são mais predispostas a aceitarem e a integrarem a ciência ao seu campo de pressupostos, que o inverso. Isso ocorre porque os dogmas não se explicam sob os pressupostos universais da ciência e o conhecimento científico só é refutado pela religião quando contraria seus dogmas, o que não é muito frequente.

Um dos principais pressupostos que coloca a ciência e a religião em confronto diz respeito à origem dos homens.  Para a ciência, o homem evoluiu a partir de outros seres e para a religião cristã, por exemplo, ele foi criado por Deus à sua semelhança.

De um lado o evolucionismo e de outro o criacionismo, dois elos inconciliáveis. Mas até quando? Questiono porque tanto a ciência quanto a religião são possibilidades reais e concretas na mente de quase todos os cristãos.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Mamãe e Deus - Uma Outra Analogia

No ventre de uma mulher grávida dois gêmeos dialogam:
- Você acredita em vida após o parto?
- Claro! Há de haver algo após o nascimento. Talvez estejamos aqui principalmente porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde.
- Bobagem, não há vida após o nascimento. Afinal como seria essa vida?
- Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui. Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comeremos com a nossa boca.
- Isso é um absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta. Além disso, andar não faz sentido pois o cordão umbilical é muito curto.
- Sinto que há algo mais. Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui.
- Mas ninguém nunca voltou de lá. O parto apenas encerra a vida. E afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia prolongada na escuridão.
- Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe, e ela cuidará de nós.
- Mamãe? Você acredita em mamãe? Se ela existe, onde ela está?
- Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem ela não existiríamos.
- Eu não acredito! Nunca vi nenhuma mamãe, por isso é claro que ela não existe.
- Bem, mas às vezes quando estamos em silêncio, posso ouvi-la cantando, ou senti-la afagando nosso mundo. Eu penso que após o parto, a vida real nos espera; e, no momento, estamos nos preparando para ela.

Autor Desconhecido

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

O Grande Poder da Palavra: Deus e Ciência – Porque não?

Todo final de ano, corriqueiramente, vivo uma maratona de leituras e de participação em bancas de monografias e artigos de alunos de graduação e pós-graduação. É uma rotina comum aos professores. A mesmice desse rito algumas vezes é desconcertada pelo impacto das palavras que os alunos escrevem, falam (na apresentação à banca) e pelos comentários que nós professores emitimos sobre os seus trabalhos.

Após uma sequência dessas bancas, fiquei refletindo sobre o quanto aquilo que os alunos escrevem e falam os modifica, tanto quanto os nossos comentários (dos professores da banca), sejam elogiosos ou críticos. Acho que a mudança se dá porque eles destinam muita energia para aquele momento da apresentação, que se mistura com inúmeros sentimentos, produzindo um estado de alerta que deixa-os receptivos e sensíveis. Nesse estado, tanto os comentários críticos como os elogiosos que fazemos produzem reações desproporcionais ao que comumente vemos. É certo que nem todos reagem da mesma maneira, mas enxergo um certo padrão comportamental nessas reações.

Embora o contexto seja indispensável para a receptividade e mudança dos alunos, chamo a atenção para o poder das palavras, aquelas que eles escrevem e pronunciam e as que falamos, quando comentamos suas apresentações ou anotamos nos seus textos. Quando eles falam, tentam nos convencer e principalmente a eles próprios do que estão dizendo, é como se estivessem dando uma aula para si mesmos.

Numa dessas bancas o aluno utilizou um termo que não conseguiu conceituar adequadamente, dando-lhe significado.  O ruim foi que o termo fazia parte do título do seu artigo. Ao final da apresentação, cumprindo meu papel de avaliador, perguntei-lhe o significado desse termo e ele, com certa vergonha, não conseguiu exprimi-lo corretamente. Ele não sabia. Em seguida, discorri por não mais que dois minutos sobre o termo e suas relações com as demais questões envolvidas em seu trabalho. Na medida em falava, sua vergonha se dissipava e seu semblante vibrava. Ao fim, me pareceu que todo o seu esforço, até aquele momento, foi compensado, em poucos instantes ele conseguiu preencher várias lacunas da sua compreensão sobre o assunto estudado.

Esse tipo de fenômeno se repete em outros contextos, sobretudo naqueles em que a emoção está presente. Sempre carregamos lacunas que podem ser ocupadas, seja por uma explicação ou um certo termo. As vezes enfrentamos verdadeiras revoluções interiores por termos ouvido e compreendido o significado de uma única palavra.

Isso ocorre porque construímos o nosso conhecimento como uma malha composta por inúmeros elos. Algumas vezes, um único elo produz muitas ligações e interfere significativamente na malha como um todo. Essa malha nãos é plana e possui camadas horizontais e verticais. Pode ocorrer de um único elo produzir ligações tanto na sua extensão como na profundidade. Em geral esses elos são palavras.

Atribuímos palavras e símbolos ao que conhecemos, como se fossem os códigos de barra do nosso conhecimento. Alguns desses códigos incorporam muitos significados, que os tornam poderosos, uma espécie de palavras chave do nosso conhecimento. A relevância desses significados varia com os contextos e com as pessoas envolvidas.

O que ocorreu com a banca que citei, foi que o significado daquele termo (do título do artigo do aluno) sobre o qual discorri, que para mim era comum, foi para aluno a chave que uniu inúmeros outros conhecimentos que eram produtos da sua experiência de vida até aquele momento.

Embora existam muitas palavras chave em nosso universo de termos, algumas delas se destacam.  Chamo a atenção para as palavras Deus, amor e mãe, elas possuem uma amplitude de aplicações e uma variedade de significados que as tornam muito difíceis de serem compreendidas em sua amplitude.

Me utilizei dessa explicação para mostrar como o livro Socorro! Deus é Menina surgiu.  Em certo momento, atribuí uma identidade feminina à Deus, porque percebi razões para isso e assim estabeleci uma consequente associação entre o amor de Deus e o amor materno. Daí surgiram inúmeros outros raciocínios que apresento no livro.  A identidade feminina de Deus me serviu tal como aquela breve explicação que dei ao aluno.

Disso tudo percebemos as barreiras para o avanço do conhecimento humano que muitos campos do conhecimento estabelecem, ao se enclausurarem em códigos exclusivos, não se permitindo dialogar com outras dimensões do conhecimento humano.  Isso acontece, por exemplo entre as religiões, em que Deus só pode ser visto segundo os códigos (dogmas) daquela religião; entre as ciências, em que os códigos (teorias) se esgotam naquele mesmo campo do conhecimento; e entre a religião (dogmas) e as ciências (teorias).

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

A Vulgarização do Amor - Fragmentos do livro Socorro! Deus é Menina

Estamos vivendo um acelerado processo de vulgarização e desqualificação do amor, em todas as suas modalidades. A começar pelo excessivo uso do termo, que raramente é aplicado com propriedade. Faça uma experiência, peça a um de seus amigos que liste as dez coisas, pessoas, locais ou situações que mais ama. É muito provável que ele inclua mais coisas materiais, locais e situações que pessoas.

Então, você ama o seu smartphone? Espero que não, más ouço com muito regularidade pessoas dizendo que sim.  Ou elas estão mentindo ou aplicando o termo amor indevidamente. Neste caso, talvez não reconheçam o que significa amor. O pior dos mundos é se elas estiverem falando a verdade. Neste caso, estaremos lidando com um amor no mínimo estranho, não é mesmo?

A vulgarização da palavra amor tem sido sistematicamente empreendida pelos meios de comunicação, por campanha publicitárias, que apelam para a dimensão afetiva para comercializar produtos e serviços. A ideia central é incutir valores que associam carências afetivas ao consumo, de tal maneira que comprando estaremos amando ou sendo amados. Esta artificialidade se estende para o universo das relações humanas e passa a mediar as relações afetivas também entre pessoas.


É claro que não há como esperar que seu automóvel, computador ou uma bolsa de grife se apaixone por você, mas é perfeitamente possível incorporá-los à sua imagem, conformando um ser composto por você + um kit persona, que serão objetos de desejo ou admiração de outras pessoas. Assim, para ser amado você precisa de mais e mais coisas. São estas coisas que vão intermediar a relação afetiva entre você e as outras pessoas.

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terça-feira, 11 de outubro de 2016

Fragmentos do livro Socorro! Deus é Menina: Amor e Fé

Para a ciência, a primeira molécula surgida do Big Bang é o elemento mais simples que supostamente conhecemos. Para saber quem é Deus, considere um elemento mais simples ainda. Embora a ciência ainda não tenha explicado esse elemento, e espero que o faça no futuro, podemos reconhece-lo em nós mesmos como a partícula do amor.

Deus é amor, o amor é o bem e tudo que dele decorrer.  Deus é como uma mãe, não precisa atender aos seus pedidos, ele se justifica pelo simples fato de você existir, não pelo que você julga que merece. Tal como a mãe, ele já lhe deu o que tinha que dar, uma semente de amor para cultivar.  Cultive, faça isso por você e por ele.

Segundo Chopra, só podemos reconhecer o que a nossa mente percebe, por isso, é possível que ela molde a nossa realidade. Se o cérebro for uma lente vermelha, para nós, tudo será vermelho. Acho que a dicotomia entre o que seja ou não conhecido não é apropriada para encontrarmos Deus, se for assim, os céticos nunca o reconhecerão. As evidências de Deus estão conosco, mesmo que não consigamos estabelecer uma lógica mística ou científica para explica-lo. Considere que Deus seja amor e assim perceberá que todos nós acreditamos nele, mesmo sem querer, inclusive os céticos.

Deus está em você e não do lado de fora. Praticar o amor é aceitar um Deus que é de todos e que pode se manifestar de muitas maneiras, tantas quantas o amor permitir.  Por isso. amar os animais e experimentar a sua afetuosidade é uma sublime maneira de viver a fé.  Do mesmo modo, ser tolerante e aceitar a união de pessoas que se amam, independente do gênero, mesmo contra os imperativos da nossa cultura e o peso da nossa religião, é atuar sob a influência de Deus.


Não se crê sem fé.  A fé é a própria consciência de que se pode amar. Veja o exemplo das mães, elas amam mesmo antes de conhecer o filho, isso é fé.  Acredite no amor que já existe em você e terá fé. Por isso, mesmo os céticos têm fé.