quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Um Signo Feminino no Início de Tudo

A civilização humana vem sendo construída sob signos predominantemente masculinos, tanto nas esferas sociais e políticas como religiosas. Mesmo assim, a dimensão mítica na esfera transcendente transborda em elementos que deixam visível o ovo como gênese da vida e do amor. Um signo feminino no início de tudo.

          O jornalista Pepe Rodrigues, em Deus Nasceu Mulher, nos oferece um interessante relato do processo mais recente de migração de uma sociedade matriarcal para o patriarcado. Segundo ele, registros arqueológicos revelam que o primeiro Deus, gerador e controlador era mulher e isso permaneceu há até vinte cinco mil anos. Por razões sociais e econômicas, o conceito de Deus homem se sobrepôs e perpetuou até os dias de hoje. No passado nasceram mitos e conceitos masculinos de Deus, mas Deus jamais foi masculino. A figura divina sempre foi uma mulher.

Mesmo com a prevalência de Deuses masculinos, as civilizações forjaram inúmeros valores de orientação da conduta muito mais femininos que masculinos. A justiça é um dos mais importantes deles. Ela nasce do pressuposto da igualdade entre os seres humanos, o que confere certa semelhança ao tratamento dado pelas mães aos filhos, desde os tempos mais remotos. Vale destacar que a justiça se exprime simbolicamente através de uma figura feminina, a Deusa Dice. 

 



quarta-feira, 17 de agosto de 2016

As Semelhantes Concepções de Criação do Universo e seu Tempo

Supondo que os seres humanos modernos não contassem com as inúmeras versões míticas e religiosas que explicam o surgimento do universo, dificilmente uma versão para o ato de criação do universo seria aceita pela maior parcela da população do mundo, se não incluísse o Big Bang, a grande explosão ocorrida a vinte bilhões de anos, que a ciência moderna nos revelou. Essa suposição deixar ver que a nossa imaginação funciona como espécie de sombra que vai um pouco além do nosso arsenal de conhecimento.

Segundo a ciência, os seres humanos habitam a terra a aproximadamente 5 milhões de anos, mas somente nos últimos dois mil anos se considerou a possibilidade de a terra ser redonda e de vivermos em um sistema solar.  A maioria dos mitos de criação do universo antecede a quase todo o conhecimento que possuímos hoje sobre os astros.  Talvez isso explique a razão de eles incluírem elementos comuns: céu, terra e mar.  Quando foram concebidos, os seres humanos tinham certeza de que viviam em um lugar único e não podiam imaginar a possbilidade de um universo, tão vasto, cheio de galáxias. A sombra do seu conhecimento alcançava no máximo um céu cheio de nuvens e raios e um mar que se elevava.

            Então, é possível considerar que a criação do universo concebida hoje, envolveria, necessariamente, além do Big Bang, elementos como espaço sideral, buracos negros, galáxias, constelações e vários outros fenômenos contemporâneos.

                     Talvez seja o momento de reconstruirmos nossos mitos.

O que você acha disso?


sábado, 13 de agosto de 2016

O que o Gênero de Deus tem a ver com a Importância da Mulher na Sociedade?

Você deve ter se perguntado, o que este cara pretende com uma discussão sobre Deus ser mulher, será que ele não percebe que Deus pode ser tanto homem como mulher?
Talvez você esteja certa(o).  Se é cristã(o), pode argumentar, que nos escritos bíblicos, em Gênesis, há a afirmação de que fomos criados, homens e mulheres, à imagem e semelhança de Deus e que a essência dele está representada em todos nós.  Pode até acrescentar que Deus seja uma força superior, que transcende aos gêneros.  Contudo, não pode negar que tanto Deus como Jesus são citados predominantemente como homens, Pai e Filho, em escrituras sagradas e que quase todos os Deuses das religiões contemporâneas sejam masculinos.
Você pode ir mais fundo e dizer que o gênero atribuído a Deus seja mera consequência da interpretação de algumas das pessoas que escreveram as escrituras sagradas e que por razões culturais ou por qualquer outra, tenham escolhido considerá-lo homem. Ao menos nas religiões cristãs isso pode ser verdade, pois há passagens na bíblia que assemelham Jesus ao gênero feminino.  No entanto, não pode negar que a imagem de um Deus homem se entranhou em todas as culturas, nos últimos cinco mil anos e que isso teve um impacto definitivo em nossas mentes e almas.
Se for persistente, pode ir mais fundo ainda e dizer que a crença em Deus não requer olhá-lo como homem ou mulher, pois isso é apenas um rótulo.  Mesmo porque, a história revela que já houve e ainda há quem trate Deus como um ser feminino. Contudo, há de concordar que este tema não deixa de ser controverso e de causar certos desconfortos às igrejas cristãs. Também não pode ignorar que as representações de Deus são geralmente masculinas e que isto produz certo efeito nas pessoas.
Não somente Deus ou Cristo, mas a própria religião católica é culturalmente masculina.  Como mostra o relato da jornalista, historiadora e feminista italiana Lucetta Scaraffia, de 67 anos, uma das 32 mulheres convidadas a participar em Roma do sínodo dos bispos sobre a família, em outubro de 2015.  Ela constatou bem de perto e narrou para o Jornal francês Le Monde, a ignorância dos bispos e padres sobre o sexo feminino, cuja presença na Igreja Católica é apenas tolerada. A jornalista observou a elegância dos clérigos, com seus uniformes pomposos e discursos de difícil compreensão para os que não são do clero, cujo conteúdo em pouco ou nada fala da mulher.
Tudo bem, você dizer que este é um único testemunho e que pouco representa uma realidade, visto que é muito mais ampla e complexa. No entanto, você deve ter curiosidade sobre este assunto e interesse em saber mais, não é mesmo? Bem, se foi o título deste livro que a(o) atraiu e a(o) levou a acreditar que eu pretendesse desenvolver uma discussão apenas sobre o gênero de Deus, sinto muito, vou decepcioná-la(o). Me permita esclarecer, com a palavra Socorro! desejo expressar a agonia em que me meti ao repensar as origens de Deus e em que também pretendo envolver você.  A grande questão que procuro levantar neste livro é, se Deus poderia ser considerado tanto homem como mulher, por que então ele se consagrou como um ser masculino e que efeitos isso teve e tem na importância da mulher na sociedade?
Quanto à denominação Menina, ela não foi utilizada para dar um significado infantil a Deus ou para desrespeitar qualquer das religiões ou crenças, mas uma tentativa de emprestar ao nome deste livro uma noção de que ainda há muito a saber sobre Deus, especialmente sob uma identidade feminina.
Acredito que uma resposta para o porquê um Deus com rótulo masculino e para os efeitos que isso teve e tem na importância da mulher, esteja no caminho de volta às nossas origens mais remotas e no retorno aos dias de hoje.  É para essa viagem que eu a(o) convido.  Há também outros propósitos com este livro, sobretudo de ordem pessoal.  Ele é uma espécie de teste de crença.  Eu nasci cristão e pretendia chegar ao final deste livro crendo mais, menos ou até não crendo em Deus. É claro, se vamos fazer essa viagem juntos, você corre o mesmo risco que eu.
Talvez esteja me achando muito pernóstico por pensar que possa influir na sua crença. É, pode até ser que você chegue ao final deste livro acreditando que eu seja um idiota, louco ou qualquer outra coisa. No entanto, só saberemos quando você chegar lá, não é mesmo?

Então, vamos?

 Convite para o Lançamento: Socorro! Deus é Menina



terça-feira, 2 de agosto de 2016

Por uma Nova Liderança no Planeta

Por milhares de anos os homens foram hegemônicos na liderança das organizações, sejam elas socioeconômicas, políticas ou religiosas.  Mesmo assim, as mulheres vêm conquistando espaço nas organizações socioeconômicas e políticas a passos largos, e creio que isto esteja ocorrendo por causa das suas habilidades sócio emocionais.

Peter Drucker, um dos maiores expoentes da gestão contemporânea, afirma que das mudanças havidas no século passado, a que terá maior influência neste milênio será a transformação do mundo do trabalho, que deixa de se basear no esforço psicomotor dos seres humanos, prevalente desde o machado de pedra, para se sustentar no intelecto e nas emoções. Chamou isso de trabalhador do conhecimento.

A competição individual e o espírito desbravador e de conquista do homem, suas características físicas, seu egocentrismo e um certo distanciamento das questões emocionais não parecem suficientes para lidar com os novos desafios assinalados por Drucker.

O modo como os homens conduziram as organizacionais socioeconômicas e políticas, embora tenha produzido o que chamamos de desenvolvimento, não foi capaz de manter o mundo saudável, seja sob o ponto de vista ecológico, econômico ou político.

Do ponto de vista ecológico, o instinto predador masculino transformou a terra em um lugar cada vez mais inóspito aos seres humanos. Os homens não tiveram o devido cuidado de preservar a sua própria casa.

Do ponto de vista econômico, há muita desigualdade no mundo.  Mesmo que se queira atribuir tantas diferenças ao modo de produção econômica, esquerda direita não conseguem proporcionar condições de sobrevivência minimamente adequadas para grande parcela da população.

Sob o ângulo político, basta olhar para a composição dos órgãos de representação nos âmbitos municipais, regionais ou nacionais, para entender que a desigualdade impera, sobretudo a de gêneros.

É claro que todos estes argumentos podem ser contestados, sobretudo porque a hegemonia de poder nas organizações sempre pertenceu aos homens e as mulheres nunca tiveram a oportunidade para demonstrar o que podem fazer. Assim, não há como saber se elas teriam cuidado melhor do planeta. No entanto, o homem teve a sua vez e deu no deu e este é um motivo mais que suficiente para buscarmos outra alternativa.