Em O Mito da Deusa, Anne Baring
mostra que o os papéis femininos na sociedade refletem uma matriz instintiva e
valores relacionados às coisas do coração, enquanto os papéis masculinos
refletem as qualidades geralmente associadas ao intelecto. Da interação entre
estes dois padrões, prevaleceram os objetivos de conquista masculinos, como um
terceiro padrão, com códigos muito mais masculinos que femininos.
Pepe Rodrigues menciona que Deus surge
junto com a inteligência e assume a forma masculina a partir de uma tenaz
conspiração dos homens da realeza, das classes religiosas, dos chefes militares
e dos que pretendiam conquistar e manter o poder. Acabamos por produzir
uma civilização fracionada e desigual, cujo Deus legitima desmandos de poder e
injustiça.
Riane Eisler, em O Cálice e a
Espada, lembra que a Bíblia descreve a origem dos seres humanos como
um jardim onde viviam harmoniosamente um homem e uma mulher. Por um ato
reprovável, foram condenados por um Deus homem a viverem em um novo mundo
onde a mulher seria subserviente. O estudo de Eisler desemboca
na classificação de dois possíveis tipos de sociedade: o modelo de
participação e o modelo de parceria. O primeiro com signos
predominantemente masculinos, representado pela espada, marcadamente
hierarquizado e conduzido pela força; e o segundo com signos
predominantemente femininos, muito mais pacifico, menos hierárquico e com
poucas diferenças entre gêneros, representado pelo cálice.
Eles concorreram entre si em diferentes momentos da existência humana, mas
o primeiro prevaleceu sobre o segundo.
Os Deuses homens nasceram da inspiração
masculina e da supremacia política que os machos humanos exerceram sobre as
fêmeas. Por isso, não surpreende que os atributos das divindades
tenham características predominantemente masculinas. Algo como, o
homem fez Deus à sua semelhança.
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